3 de mai. de 2017

rabisco desnudo




ainda ontem te vi
não era exatamente você
era teu nome
flutuando na claridade
salpicado de tormentas

ainda há pouco te vi
e estavas nu
não você, era teu nome
bailando ao vento
em desvario

ainda ontem te vi
e já nem doeu
teu nome vagava
belamente desnudo de você

não se apoquente
era só um nome que eu rabisco
nessas tardes lassas
em que morrem palavras
delicadas e nossas

ainda há pouco te vi e
corri para o abrigo de papel
fechei os olhos mas ainda ouvi
um eco perdido de avalanches mortas

eu secreto lenimentos corrosivos
sobre os liames da tua língua predatória
enquanto sigo lendo nas entrelinhas das ausências

4 comentários:

  1. Lindo poesa e blog mto bem produzido parabens...
    qndo tiver um tempo visita lah o meu...

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  2. Poema belamente inspirado! A fuga para o abrigo de papel nem sempre é solução para os males do poeta... Mas fazer o quê? É o hábito. :)

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  3. Ao deambular pela net encontrei o seu Bloge e adorei a sua poesia. Ailime

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  4. Ando sumida do Blog. Acácio pode colar o link do blog aqui?
    O papel é meu santuário, Pedro.
    Ailime, "deambular" é uma palavra linda. Obrigada por vir e por me dizer que gostou.

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