28 de mar. de 2009

NOME DE POEMA by CADO: NAVEGADOR DO IMPONDERÁVEL






Dos sábados espero que obedeçam meus desejos
E não me neguem o sol destas vontades sufocadas
Que cegam teus olhos brancos de Rei-Édipo em Colona
Quando enfim enxergas dentro o teu ódio corrompido

Mas vez em quando sombreiam o lado sul do meu dia
Retraindo as fantasias dos sorrisos planejados
Na semana mais ou menos das playlists depressivas
E algum verde pelos parques em caminhos outonais

Deambulando confuso por entre arestas de culpas
Sobrevivo às enxurradas do que é demasiado humano
Por fugir à poesia ao desprezar formalidades
E preferir as canções ao silêncio emoldurado

E por supor que é na arte que salvarei os meus dias
Do afogamento contínuo na qualquer coisa do ontem
É que sigo futurando meus atos de insanidade
Insana fé nas palavras dos livros dos homens sábios

E sabedor dos limites de meu palavrear prolixo
Paro por aqui pensando no som de minhas palavras
Em teus ouvidos cansados do ritmo quebrantado
De dizeres que pretendem ganhar nome de poema

HOJE



.


Hoje a vi sorrindo.
Casualmente.
E a chuva fina
Passou a gotejar
Pedaços de luz
Na minha direção.


O sorriso de hoje
É apenas mais um,
Depois de outros,
Depois de tantos
Desde aquele primeiro.


Hoje imagino
Um sorriso verdadeiro.
Um que me acalme,
Que me desarme.
Um que me invada.


Ela já foi tantas...
Tantos nomes,
Em tantos contos de fada,
Que hoje
Nem ao certo sei como
É o seu nome...
Talvez seja mera dúvida,
Essa mesma que nos consome,
Digerindo em estômago de avestruz
O ranço opaco
Que só o desencontro
Produz.

Mas hoje...
Não quero mais falar disso.
Hoje a ví sorrindo.
E isso me basta.
O mesmo sorriso,
Lindo.
A mesma face casta,
Daquela bacante
Que me devorou com os olhos ontem.
O mesmo rosto aliviado,
Que na preguiça da manhã
Abriu um dia bom.

Hoje.


---------------------------------------EDUARDO PERRONE-----------------------------------