12 de jun. de 2009

OBRIGADO poema de Eduardo Perrone




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Obrigado pela
Desobrigação obrigatória.
Pela morte de retórica
Que me fez prisioneiro
Desde aquele início.

Obrigado pelo vício
-bom-
De poder me desnudar além da roupa,
De poder colher –quem sabe- coisa pouca,
Do pouco que me resto
Cartesiano.

Obrigado por mais um ano,
Por mais um dia ( E Moacyr Franco, rindo, judia),
Que cheira a plágio escancarado
E é mesmo...!

Obrigado por abraçares
Os tiros que desfiro a esmo,
E que assim mesmo
Não te matam...

Obrigado, obrigado, obrigado...


Mas...
Nada me é ou foi
O.B.R.I.G.A.D.O

Tudo isso me parece
Parte do legado,
Parte de uma imensa herança.
Talvez, bonança errônea
De um tempo catatônico,
Endêmico de uma poesia rasa,
De algo que te arrasa,
E que me leva ao lodo igualmente...


Obrigado por você ser gente.
Só isso já me basta.
Obrigado, obrigado... Sinto-me abrigado.
Pela etimologia do léxico em si,
E pela força
Que um agradecimento
Passa a ter
Quando vem
De ti.



Eduardo Perrone