10 de jun. de 2017

TRIVIAL



desde o caos
em que
por acaso
te vi
fiquei assim
muda
rendida
eu fujo
minto
finjo entender
teus
cicios
inícios
silêncios
desde o início
do vício.
não queria
juro,
não fala
não quero
não preciso ouvir
só do beijo
você quer
deseja,
chama e
assim ,
resumo tudo
trivial
signo de caos,
marcado
na tua pele

desatino


.

distraída
na pedra fria

caída
na chuva

atos

todos falhos

o lobo sorri
escondendo os dentes
eu sorrio
desvairada

cortada ao meio
lacerada

o frio escorregando pelas entranhas

descia pela chão
em arabescos

O chamado



os fios vibram
sinais vagos
que te trazem
te guardam

desligada
ignoro as mudanças.

sigo distraída
pela invocação
que me envolve
e brandamente
cinge minha cintura.

cerca-me
num abraço amorfo.

mergulha dissoluta
fura-me as veias
luto,
acho que vou resistir.

vã tentativa,
devassa,
respiro tuas cores
e desisto.




Deslize



escorrego,
enquanto fujo
pela vereda
e resvalo
em teu olhar.

– suicida afável –

despenco entre
lembranças autóctones
aborígenes gentis
que me deslizam
em asas enlutadas


quase entendo
enquanto ouço
palavras risonhas.







avesso das coisas









queria que contasse
o que vê do alto

desenhos traçados na areia
linhas confusas

essas que se embaraçam
nos meus passos

trançam meus cabelos
que me prendem aqui
no avesso das coisas

queria não ouvir
as canções gritadas no vento

essas notas dissonantes
que me enlaçam
prendem do lado avesso

a pantera fugiu
sou apenas a sombra da fera


minha


*

obstinada
sua voz repete
a velha prece
convicta

num mantra
restrito
circunscrito
ao teu olhar

um tipo de feitiço
renitente
peculiar

– minha
não importa
o que aconteça –



*

delicada apatia


ardilosamente
tua utopia
me invade

sem pressa
nem alarde
sutil e docemente

meu sono é pesado
medido e contado
torpor infindo
que me embala

delicada apatia
entranhada na pele