5 de dez. de 2016

cinzelada



ergui essa escultura
cinzelada pelo medo
lavrada pelo grito

sem rumo, vazio


tua voz entalha essas falhas
santos escapam pelas beiras
ouvidos moucos me traem
tua pele rouca rasga a noite

navegamos perdidas
estátuas de sal
apuradas em pele sangue
e avaria

Para Camile.


http://contos-semnome.blogspot.com.br/2012/03/camille-claudel.html

4 de dez. de 2016

fita de möbius


Por tudo que fomos
Sem confusão
Aceita

Não
Não é despedida
É cansaço

Infinito e inútil
Cansaço

A canção me sopra
Sempre que você me despede
Minha alma se despe
Eu morro um pouco

É fácil
Se não tenho nada
Nada
é o bastante

cansei
não quero mais
tuas impossibilidades

Quando afinal te esqueço
E mal vejo teu sorriso
Em meio ao lusco-fusco

Confuso
Você me resgata
Ondas de carinho
Engolem-me
Atropelam-me

E descubro sem susto
Que o tempo é como a fita de möbius
E mais uma vez tropeço
Prendo-me
Enrosco-me
Nas tramas do passado
*imagem : Time-in-a-Bottle ©2007-2009 =starlightblood