4 de dez. de 2008

apóstrofe delicada



pontes foram feitas para ligar

inícios e fins
de caminhos
desejados.

sinto-nos juntos
muito embora separados,
paralelos que somos
em arte, vida e missão.

e, de eufemismo em eufemismo
você pouco entende,
e eu cismo
de arrancar os olhos
de dentro de minhas
órbitas...

já passou muito tempo
entre início e fim
daquelas rotas.

e eu já pouco aguento
simplesmente
desconsiderar.

se o começo
não existiu
para, de alguma forma,
nos ligar,
do que valeu tanta dor?

do que valeu
ter bebido tanto amor
do cálice
de tuas entranhas...?

é uma delicadeza
estranha.

uma apóstrofe,
como uma bússola
sem norte,
sem lógica, sem sorte,
sem apontar caminhos,
sem delinear estrada,

sem nem ao mesmo
nos deixar sozinhos,
sem culpa ou perdão.
sem nada...

Eduardo Perrone


25 de jul. de 2008

Resposta ao Poeta




Narciso ao contrário
repeles-me por que teu reflexo
boia nos meus olhos d água

Perfeitamente otário
tenta me reduzir ao sexo
e medir minh'alma a régua

Se me chama de meretriz
e me trata feito cadela
é por que paga amor com mágoa

Cínico me louva boa atriz
por que-ironia singela
teu personagem não dá trégua

Vagabundo e ordinário
não te reconheces no grande poeta
e transfere para mim a tua nódoa

E constituístes teu calvário
amar-me uma mulher completa
e esfacelar-me com tua língua

E constituístes meu calvário
amar, numa felicidade que cresce.
num dia, e que no outro míngua.

Iriene Borges

8 de abr. de 2008

fado


Como toda taurina dominada por Saturno (à revelia de um Vênus amoroso e sentimental) muitas vezes me vêem assim: obstinada, intransigente e fatalista. É só uma faceta . Uma pequena, eu espero! Minha amiga astróloga diz que sou um tourinho teimoso e determinado! Acho que escrevo motivada por essa obstinação,escrevo como um fado,porque a palavra escrita é o signo que me marca,escrevo por necessidade,compulsão e absoluto egoísmo...

13 de mar. de 2008

FRESTAS-----------------------------------------------Eduardo Perrone.




Digam: Porque há festa?
Se em cada fresta
Destas velhas paredes,
Ainda rangem
Murmúrios de sede,
Lamentos de fome,
E desesperos tesos...
Ontem sonhei com teu beijo,
E,nele, no sonho,
O tempo pareceu congelado.
Eram nossos corpos suados
No mais rigoroso inverno
Que se tem notícia.
Sonhei com cada carícia
Que me faziam teus cabelos.
Sonhei com teus pelos,
E com o gosto que me
Deixavam na boca.
Sonhei com aquela coisa louca
De casar contigo
Bem no meio do perigo,
Desviando de balas perdidas,
Desviando-nos
Cada um de nossas vidas,
Desviadas num casamento sem festa.
Sim...
Cada fresta destas velhas paredes,
Testemunham a minha sede
Por bebê-la...
Bela, nua e crua.
E essa alma tua
Que meus sonhos nem sonham mais. 

Eduardo Perrone

17 de fev. de 2008

paz?





O céu azul paira impaciente, ofuscando
a lua pálida e apressada que,escondida lá no alto,teima em surgir.
Aqui em baixo pessoas deliram...
Buscando uma paz que parece tão distante,
sem imaginar que ela pode estar bem aqui.
Esquecida no fundo dos olhos,
despertando feliz a um sorriso.
Esperando por você.
Bobagens de uma noite insone...
discussões interrompidas...
palavras não ditas...
bobagens enfim...

6 de fev. de 2008

insone


Uma noite sem sonhos. Não sei se dormi. Misturei pensamentos numa grande confusão. Ouvi tua voz me ordenando que dormisse. Tentei obedecer. Os sonhos vieram. Tua imagem misturada com a revista em quadrinhos. A gripe me faz sufocar. Abri os olhos. Procurei-te. Encontrei as sombras do teto. O céu aqui clareia por volta das 5. Tons de rosa e azul bebê. Pássaros. Cães. Sua voz tão nítida me ordenando que dormisse. Falta de ar. Calor. Nada me faria dormir naquele momento. Nem tua voz. Da varanda vi o sol nascer. Desisto de dormir. Uma hora qualquer o sono me alcança. Sonha por mim.





Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?

Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.

Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.

"Manuel Bandeira - Tema e Variações, in Antologia


mundo é grande

mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
Carlos Drummond de Andrade






PEQUENO POEMA DIDÁTICO 

O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa.

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre…
Todas as horas são horas extremas!

Mário Quintana

5 de fev. de 2008

A Poção da Bruxa Errante






Trago comigo, espetado no peito
a adaga vil de uma maga vã.
Enquanto jorra um fluxo quente
minando a força do sentido ardente,uma dança, em gargalhadas
inverossímeis,improvisa-se naquele planalto rente,
untado de frenesi.

Quando finda tenebroso ensaio,
Não sai a maga em sua vassoura errante:
Antes, desfila nas superquadras milimétricas,
Num voo rasante,
Com o seu ‘aspirador de pó’ gigante.
Antes da inconsciência,
banhado naquele caldeirão fumegante,
vislumbrei os feitiços elegantes
proferidos ela bruxa errante
quando, ainda fantasiada de musa,
me entregou os seus olhos brilhantes,impregnou seu cheiro em meus sonhos... e
sumiu.
Voara para o seu castelo.
Me atraiu de um encanto só...
E, antes de fechar a porta,
senti a adaga cortar a minha carne:
Leito dos Inocentes.
Eu era apenas mais um ingrediente
da poção que ela preparara
para restituir àquele sapo louro,
sua condição de príncipe.

(Elmano Sandino, dezembro, 1990)











O Poema é de Lustato Tenterrara
Teresina/PI - Brasil, Escritor Profissional
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=19983

Cigarras




CIGARRA CIGARRA CIGARRA


A maior concentração de cigarras que já ouvi esta naquela praça, deve haver ali milhares de cigarras, produzindo no final da tarde um barulho deliciosamente infernal! Diabos!Por mais que tente evitar sou forçada a passar ali mais de uma vez por dia, é uma área central. Meu ônibus me deixa à porta delas,cercada pelos Ipês amarelos em flor e pelas cigarras.
Curioso sempre associam os insetos cantantes à mulheres o que é um erro são os machos que cantam(que surpresa!). Eles cantam para atrair as fêmeas e para espantar os pássaros,numa forma de defesa. Porque isso me parece tão correto e familiar? Há algo de belicoso e sedutor no canto desses insetos.
Há um agora bem ali na varanda exigindo minha atenção, como se ignoram 120 decibéis de barulho? Fecho a janela? O som a atravessa. Quem sabe o inseto resolva cantar em outro lugar .Deve ter errado o endereço.Pego o inseto e jogo ao vento,com um silencioso adeus.



31 de jan. de 2008

Um poema antigo...de 89

Caminhos

Passeando pelas ruas
Filtrando os raios de sol
Brinco com as sombras
Vou buscando sonhos
Qualquer sonho
Os dias passam
Sentimentos quebram
Guardo os pedaços
E sigo em frente
Na rua escura e quieta
Perdida no silêncio
Navegando
Busco
Qualquer som

Ps.Só jogo nos ambientes adequados...

11 de jan. de 2008

sincronicidade

Estava pesquisando à esmo um texto específico,não achei o que procurava....ainda...mas achei esse site muito interessante : http://www.humornaciencia.com.br/invencoes/maquina-desligar.htm


Lá está esse texto
Claude Shannon [engenheiro e matemático] tinha um senso de humor criativo. Numa certa ocasião, ele construiu uma caixa com um único interruptor do lado de fora. Se apertássemos o interruptor a tampa da caixa se abria vagarosamente, uma mão macânica surgia lá de dentro, alcançava o interruptor e o desligava. Ela então se recolhia e a tampa se fechava. Como Arthur C. Clarke afirmou: "Há algo indizivelmente sinistro numa máquina que não faz nada - absolutamente nada - exceto desligar a si mesma."


No site abaixo você pode ver a máquina em funcionamento:






Curiosa brincadeira de humor negro essa que a sincronicidade faz às vezes comigo,me mostrar exatamente o que quero fazer,ou penso que quero não sei bem.


Sincronicidade.


Acho que esbarrei pela primeira vez com essa palavra numa capa do Police,gostava da banda e das músicas desse disco e como boa discipula de pandora precisava saber o que era aquela palavra.
Synchronicity é baseado no conceito da sincronicidade, um termo criado por Carl Jung que consiste na existência de uma relação entre dois ou mais acontecimentos em si. O álbum foi o mais bem-sucedido da banda, as rádios adotando as canções "Synchronicity I", "Synchronicity II", "King of Pain" e "Every Breath You Take".
Era a letra dela que eu procurava hoje mais cedo,quando comecei a rabiscar isso.
Synchronicity IThe Police
Composição: Sting
With one breath, with one flow
You will know
Synchronicity
A sleep trance, a dream dance,
A shared romance,
Synchronicity
A connecting principle,
Linked to the invisible
Almost imperceptible
Something inexpressible.
Science insusceptible
Logic so inflexible
Causally connectable
Yet nothing is invincible
If we share this nightmare
Then we can dream
Spiritus mundi
If you act, as you think,
The missing link,
Synchronicity
We know you, they know me
Extrasensory
Synchronicity
A star fall,
a phone call,
It joins all,
Synchronicity
It's so deep,
it's so wide
Your inside
Synchronicity
Effect without a cause
Sub-atomic laws,
scientific pause
Synchronicity...
Synchronicity I
(tradução mais ou menos...mas....)
Com um sopro, com um fluxo
Você conhecerá
Sincronicidade
Um transe do sono
Uma dança do sonho
Um romance compartilhado
Sincronicidade
Um princípio de conexão
Ligado ao invisível
Quase imperceptível
Algo inexprimível
Ciência insuscetível
Lógica tão inflexível
Casualmente conectível
No entanto nada é invencível
Se nós compartilhamos este pesadelo
Então podemos sonhar
Mundo espiritual
Se você age, conforme pensa
O elo perdido
Sincronicidade
Um princípio de conexão
Ligado ao invisível
Quase imperceptível
Algo inexprimível
Ciência insuscetível
Lógica tão inflexível
Casualmente conectível
No entanto nada é invencível
Nós te conhecemos
Eles me conhecem
Extra-sensorial
Sincronicidade
Uma estrela cai
Uma chamada telefônica
Está tudo ligado
Sincronicidade
Um princípio de conexão
Ligado ao invisível
Quase imperceptível
Algo inexprimível
Ciência insuscetível
Lógica tão inflexível
Casualmente conectível
No entanto nada é invencível
É tão profundo
É tão abrangente
No seu interior
Sincronicidade
Efeito sem uma causa
Leis subatômicas
Pausa científica
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...
Sincronicidade...