1 de mar. de 2024

gueixa





teu sorriso
congelado na foto
faz-me sorrir...

teu olhar travesso
adverte!
não leve a sério
as promessas
mal escuto tuas cantadas
mas teu olhar...
teu olhar me diverte!

traço mapas de beijos
em teu corpo

teu sorriso
instiga meu carinho
estrela cadente
luz que me invade

força sem igual
golpe cortante
nas minhas incertas certezas

beligerante
entrego-me
gueixa-suicida

falsas melenas
longas e retas
pele branca...
finjo ser perfeita
só pra te agradar
acalento teus sonhos

rio de tuas estórias
acredito nas falsas promessas...

só por uma hora
deita aqui!
deixa que eu te encante
com meu sorriso milenar.


Poema de Rosa Cardoso

efígie







cansado de mundo
guerras e presságios
vem e conta sonhos
deixa essa efígie
que pressinto
nas tardes perdidas
em que divagas

ouço tua voz
vem do mar
num sussurro

não explico
só te escuto
num segundo

não discuto
miro teus olhos
incendiados de promessa
vazia e dolente
plantada no azulejo
dessas viagens viúvas

estranhas remessas
desejos e desvarios
que o vento sopra

beijo,teu cenho
de súbito, tristonho,
com temor, prevejo
com esse ato
que é hora de ir




Poema de Rosa Cardoso

marte desarmado



nasci sob o signo de Vênus
meu sorriso dorme na órbita curva

deusa que atravessa nua
o céu cavalgando uma estrela

além do círculo de Marte,

é esse o símbolo que trago
traçado na pele
é essa a marca em que me perco

onde tua espada,
– ser de Marte,
retine e ressoa

Poema de Rosa Cardoso

28 de fev. de 2024

minha







*

obstinada
sua voz repete
a velha prece
convicta

num mantra
restrito
circunscrito
ao teu olhar

um tipo de feitiço
renitente
peculiar

– minha
não importa
o que aconteça –



*
Poema de Rosa Cardoso

densidade











toda a manhã procurei

esconder dos teus olhos
esse peso na alma,
essa inquietude,
essa fome.

é pouca coisa ou, quase nada
um vago temor,
um medo que me espalma
sem pressa
apesar da calma
disfarço,
deslizo.


me escondo,
dentro da folha branca
procurando
sílabas,
palavras,
salvação
nesse poema que me entala

te engano,
te beijo
e sigo

esforço tenso
em tentar ser
densamente leve,
levemente densa


Poema de Rosa Cardoso