31 de ago. de 2017
Lira
15 de jul. de 2017
lilith, marias e evas
Ao sul do equador,
Minha querida
Fica o pecado
Aquele que oferto
Espera-te resiliente e quieto
Numa caixa perolada
Prometo um vício repaginado
Originalmente inexistente
Falado numa língua diferente
Na tua
Naquela que desliza
Tudo que falo
Doer
Latejar
Piscar
Devorar-te
Ao sul do equador.
Dizem
Há cinquenta tons de cinza
Eu vejo claramente
Penugem escura
Dormente
Tuas lambidas distantes
Distraídas e inconsistentes
Ao sul do equador
Tudo gira
Sem as dores
Sérias de Eva
Sem os amores de Maria
Resta-me
Afundar no umbigo de Lilith
Alimentar fogo com fogo
Antropofagia!
17 de jun. de 2017
15 de jun. de 2017
Gueixa
.teu sorriso
congelado na foto
faz-me sorrir...
teu olhar travesso
adverte!
não leve a sério
as promessas
mal escuto tuas cantadas
mas teu olhar...
teu olhar me diverte!
traço mapas de beijos
em teu corpo
teu sorriso
instiga meu carinho
estrela cadente
luz que me invade
força sem igual
golpe cortante
nas minhas incertas certezas
beligerante
entrego-me
gueixa-suicida
falsas melenas
longas e retas
pele branca...
finjo ser perfeita
só pra te agradar
acalento teus sonhos
rio de tuas estórias
acredito nas falsas promessas...
só por uma hora
deita aqui!
deixa que eu te encante
com meu sorriso milenar.
13 de jun. de 2017
promessa vazia
•
você? sorriso.
Sim, é delírio
Bem sei
mas juro!
o sorriso era você
perdido e tardio
Na queda das volutas
Você divagava nuvens
envolto brumas
da cidade em sono
E no entanto
Sorriso, caía
tardio e vago
Como som do mar
Na vaga em pedra
E pela manhã
numa promessa vazia e dolente
fora, Sorriso,
estranhas lembranças
soprando no vento.
•
efígie
♂
cansado de mundo
guerras e presságios
vem e conta sonhos
deixa essa efígie
que pressinto
nas tardes perdidas
em que divagas
ouço tua voz
vem do mar
num sussurro
não explico
só te escuto
num segundo
não discuto
miro teus olhos
incendiados de promessa
vazia e dolente
plantada no azulejo
dessas viagens viúvas
estranhas remessas
desejos e desvarios
que o vento sopra
beijo, teu cenho
de súbito, tristonho,
com temor, prevejo
com esse ato
que é hora de ir
♀
Imagem : The_Painted_Man_by_navate
Vestígios de afagos
♀
trago esse sorriso
num envelope discreto
em que guardo
pequenos cacos
vestígios de afagos
ninguém vê o sorriso
quebrado e findo
assim eu consigo
evitar esse peso
é meu feitiço lasso
ameno e delicado
um tipo de insana
angustiante inação
♂
trago esse sorriso
num envelope discreto
em que guardo
pequenos cacos
vestígios de afagos
ninguém vê o sorriso
quebrado e findo
assim eu consigo
evitar esse peso
é meu feitiço lasso
ameno e delicado
um tipo de insana
angustiante inação
♂
marte desarmado
12 de jun. de 2017
descompasso
•
acho que o tempo
esse mesmo
que me cobra
está errado
acho que meu tempo
está errado
errei na contagem
desde ontem
conto e reconto
não consigo
acertar meu tempo
não consigo acertar
meu pulso
•
acho que o tempo
esse mesmo
que me cobra
está errado
acho que meu tempo
está errado
errei na contagem
desde ontem
conto e reconto
não consigo
acertar meu tempo
não consigo acertar
meu pulso
•
11 de jun. de 2017
delícia
•
vi nos teus olhos
entre muitos enganos
enlevo e encanto.
que inquietos traçaram
na pele
desvarios e planos
vi na tua boca
entre tantos ardis,
prazer e volúpia.
que ,distraído
deleitei-me com o
gosto agradabilíssimo
dos beijos que não dei.
de tudo ficou esse vazio
em que vago
cheio de você.
ficou essa marca
os sinais... trilhas mentais.
amuleto terrível
talismã de eras abissais.
•
10 de jun. de 2017
TRIVIAL
•
desde o caos
em que
por acaso
te vi
fiquei assim
muda
rendida
eu fujo
minto
finjo entender
teus
cicios
inícios
silêncios
desde o início
do vício.
não queria
juro,
não fala
não quero
não preciso ouvir
só do beijo
você quer
deseja,
chama e
assim ,
resumo tudo
trivial
signo de caos,
marcado
na tua pele
•
desde o caos
em que
por acaso
te vi
fiquei assim
muda
rendida
eu fujo
minto
finjo entender
teus
cicios
inícios
silêncios
desde o início
do vício.
não queria
juro,
não fala
não quero
não preciso ouvir
só do beijo
você quer
deseja,
chama e
assim ,
resumo tudo
trivial
signo de caos,
marcado
na tua pele
•
O chamado
•
os fios vibram
sinais vagos
que te trazem
te guardam
desligada
ignoro as mudanças.
sigo distraída
pela invocação
que me envolve
e brandamente
cinge minha cintura.
cerca-me
num abraço amorfo.
mergulha dissoluta
fura-me as veias
luto,
acho que vou resistir.
vã tentativa,
devassa,
respiro tuas cores
e desisto.
•
Deslize
escorrego,
enquanto fujo
pela vereda
e resvalo
em teu olhar.
– suicida afável –
despenco entre
lembranças autóctones
aborígenes gentis
que me deslizam
em asas enlutadas
quase entendo
enquanto ouço
palavras risonhas.
•
avesso das coisas
♂
queria que contasse
o que vê do alto
desenhos traçados na areia
linhas confusas
essas que se embaraçam
nos meus passos
trançam meus cabelos
que me prendem aqui
no avesso das coisas
queria não ouvir
as canções gritadas no vento
essas notas dissonantes
que me enlaçam
prendem do lado avesso
a pantera fugiu
sou apenas a sombra da fera
♀
2 de jun. de 2017
Visita de Elisabeth
Hoje um bem-te-vi passeou na sombra
Suas patinhas deixaram marcas no canto dos meus olhos
Maquiagem. (Esclareço ao espelho.)
Ele tateia sombras e some
Envolto na luz do sol tardio
Cigarras cantam,
Chamam e, clamando,
Morrem antes que eu me perca
Esqueço! É fácil aprender.
Sou criança de novo e chove
Lanço navios de papel na sarjeta
Eles seguem. Altivos uns tempos.
Basta virar as costas... Antes de soçobrarem
Não gosto de sentir que soçobram,
Mas saber que é inevitável ensina a perder
Perder um barco, perder um abraço, perder-se
Perder amores.
Esses, os amores, dentre todas as coisas que se pode perder,
São os mais fáceis de lançar na sarjeta
Achar-se
Achar umas chaves, um relógio, continentes?
Pode ser que consiga.
Se for preciso traço os mapas.
Mas amores!
Desses raros e caros demais.
O amor como era
No momento em que era.
Perco, esqueço e disfarço os cacos.
Adeus, então.
Adeus bem-te-vi.
Adeus cigarras!
Adeus sombras!
Vou me vestir para manter meus amores.
Guardar os cacos e correr na correnteza
Quero pegar aquele barco antes que se desfaça!
Poema de Rosa Cardoso
24 de mai. de 2017
desencana
olha em volta,
não há premissas,
remissão
ou fada de plantão.
nessa noite,
saio armada;
salto alto,
batom,
mira e precisão.
salto alto,
batom,
mira e precisão.
– desvario –
não tem
docinho nenhum,
príncipe
nem mesmo
sapo escondido;
nenhum querubim
desvalido.
docinho nenhum,
príncipe
nem mesmo
sapo escondido;
nenhum querubim
desvalido.
– desencana –
põe na conta:
o sábado tá perdido.
abduzido
por essa fada
desligada.
o sábado tá perdido.
abduzido
por essa fada
desligada.
a que te desencantou.
.
(rosa cardoso)
.
(rosa cardoso)
Medusa,Prometeu, totens e espelhos
hoje pensei tanto nessa coisa doida
pensei no teu sorriso
sorri da tua voz
cansei de te ver
mas gostei de te sorrir
da nesga da janela
donde despenca esse céu
eu te chamo
doidivana mente
tempestuoso vento trás teu nome
e vens arrastado e sereno
contar dos nadas abissais
braços remotos falam de totens colossais
cabeças de Górgonas caem dos bolsos
recolho cacos no colo
acaricio teus cabelos
sorrimos e eu
desentendo
deslizo dedos tortos
pelo reverso desses medos
quietos e caros
roubei a égide de uma deusa
tão doida quanto eu
numa tarde quieta de abril
para congelar sorrisos
prometeu empedrar paixões e terrores
Odisseu, Aquiles, Penélope, Zeus, todos prometeram
Afrodite te escondeu sob um manto fino
oblíquo tu desvias dessa defesa incerta,
ri das serpentes que invento,
abraça-me os joelhos
através dos espelhos em que me guardas
deslinda venenos
destrava portas
ilumina desencantos febris
17 de mai. de 2017
Invocação
Essa noite eu desci
seu colo, quente
- na verdade
escorreguei -
suas mãos macias,
leves...
escuro em volta
(a luz estava em nós)
Meu peito em você
te sentindo quente,
eu estava grudado
e rodávamos
ventando suavemente..
estávamos em uma nuvem qualquer..
dançávamos voando
mergulhados na escuridão
frio lá fora
e você com o calor dos anjos
Guarda,
não quero alma!
Boca língua palma
Preciso te ver!
Guarda essa alma!
Ela já me encantou...
Guarda essa calma!
Esconde esse pejo!
Obedece!
Boca língua palma...
Não me pede calma!
Deixa-me te levar,
raptar surrupiar trancar
Acredita.
Eu não minto.
Cumpre essas promessas
remetidas, arremetidas
por essa boca
Vem. Acredita.
Eu não minto.
Guarda essa alma,
dispa-se sem pressa
Guarda essa alma,
peito perna boca língua
Alma? Que alma?
Por favor, não fala!
Tua voz me perde...
Não me confunde Inferno!
Vem me ver sem alma
sem calma, obedece!
(imagem Lovers #34 por Thomas J.Vilot)
Alquimia
Decantei
em longos,
sinuosos versos,
o veneno das tuas presas
Encorujei meu espírito
protegendo-me
das setas
e elas continuam
a procurar meu peito.
Rezou pra eu te esquecer?
Foi em vão...
Sigo zonza, insone,
vagueio pela cidade
envenenada e louca...
Naufragada
Minha cabeça roda
Entorpecida
Naufragada na escuridão
Afundando-se cada vez mais
No temor e angustia
Meus olhos nus
Vagueiam tontos
A espera de uma luz
Querendo fugir
Ou apenas gritar
Minha voz embargada
Agarra-se à garganta
Sem forças
Sufocando o grito
Hipnotizando a inquietação
Matando a esperança
Depois vou dormir,
depois vou acordar,
depois vou trabalhar
e depois vou voltar.
Olhar Futuro
No silêncio dos olhos
Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?
in Os Poemas Possíveis, José Saramago
Acalanto
Queria te escrever um longo poema
Quem sabe achasse as rimas certas
Contasse as sílabas métricas
Apenas pra te dizer desse amor imenso
As palavras viriam prontas
Desceriam como cascata
De um rio de solidão e medo
Não importa
Danem-se as rimas
Danem-se as sílabas métricas
Dorme
Meu menino
Meu encanto
Eu te cubro
Eu te aqueço
Nada de tempestades hoje
Nada de fúria
Toma um beijo
Cálido e terno
Dorme que eu te velo.
*IMAGEM:painting by Gogalniceanu Carolina
CINZA
TARDE CINZENTA
MANHÃ CINZENTA
NOITE CINZENTA
TODO UM DIA
COMPLETAMENTE
CINZA
CINZENTAMENTE TRISTE
MAS EM MINHA ALMA
EM ALGUM LUGAR
INEXPLICÁVEL
SURGE A LUZ
E A ESCURIDÃO TRANSFORMA- SE
TORNA-SE UM SUAVE E TRISTE CINZA.
15 de mai. de 2017
fantasmas
O vento rodopia nas frinchas
E anima antigos sussurros
Não há corvos na janela
Nem lareiras
Não há pedras encasteladas
Nenhuma Joana pelos cantos
Não há borboletas
Apenas o pó que volteja
Encandeado pelo lume
Da folha morta
Ninguém vê meus fantasmas
E eles dançam primorosos
com delicadeza e distinção
Rodopiam tarde da noite
Cheios de graça
Roubam-me o ar
Tardios
Mortos
Castiços
(Rosa Cardoso)
9 de mai. de 2017
Valsa na Noite
Na parede fria
Sons e cores confundem-se
Enquanto a noite gira
Turbilhona contida
Na face fluida de uma quimera
Desejo mescla-se a delírio
Eternos
Na gaiola dourada do corpo
Minha alma passeia quieta
Estonteada pela luz
A noite se desfaz em tempestades
Clarões ofuscam meu espírito
Uma valsa toca repetidamente
Eternamente perdidos
Dançamos no tempo
8 de mai. de 2017
Pesquisa
Numa tarde
que roubei
te olho
te bebo
te pesquiso
e te toco.
Como toca
o colecionador
uma borboleta
rara e especial
O BANQUETE
No quarto o lobo espera.
Os olhos, fitos na porta,
Brilham.
Antecipando o prazer.
Na sala, a moça treme,
Os olhos, fitos na porta,
Brilham.
Antevendo as presas.
No quarto, o lobo brinca.
Os olhos, fitos no vermelho,
Brilham.
Devorando a carne branca.
No quarto, a moça morre.
Os olhos, fitos no vermelho,
Brilham.
Implorando uma última mordida.
Os olhos, fitos na porta,
Brilham.
Antecipando o prazer.
Na sala, a moça treme,
Os olhos, fitos na porta,
Brilham.
Antevendo as presas.
No quarto, o lobo brinca.
Os olhos, fitos no vermelho,
Brilham.
Devorando a carne branca.
No quarto, a moça morre.
Os olhos, fitos no vermelho,
Brilham.
Implorando uma última mordida.
Wolf_by_InuzukaKiba2006
PROVOCAÇÃO CASUAL
EsPeRa
MuSa
Quero ser um pouco Clio, esquece o carro não é dele que falo...
Falo?...Pula essa palavra....
Só quero te dar a fama com que você sonha, quando deita a noite na cama... porque em mim, definitivamente, você não pensa.
Não é fama?
Ok, me transfiguro em Euterpe, e te ajudo nos versos...
Não faço muito barulho com minha flauta...
Fico quietinha olhando embevecida para os seus versos...
Prometo.
Poesia não é sua praia? Candidato-me a uma das outras sete vagas... Tália, quando você precisar fazer alguém rir; Melpômene, séria e trágica, quando necessário... não?
Ok. Vamos ver...
Posso ser Terpsícore, a que adora dançar...
ou quem sabe, Érato, a que desperta desejo.
Afinal, você há de convir que anda precisando...
Oops! Escorregou...
Talvez... Polímnia? Casta e pensativa, ou ainda, Urânia.Ando mesmo com vontade de mandar nossa estória pro espaço...
Calíope é sua última escolha, mas cuidado, ela fala tão bem, que pode te inspirar a dizer as verdades que insiste em calar...
Rosângela Cardoso.
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