31 de dez. de 2010

Cinderela Adormecida Com Filtro Solar Fator Zero/ Poema de Eduardo Perrone


Antes da meia noite
Ela gira sobre os calcanhares,
E retorna à face que lhe cabia
Segundo diziam
As Escrituras.
A face pura, hoje sem o adorno que lhe perfurava,
Era moldura perfeita
-e ela evitava-
Dizendo desconhecer
O que sempre soube...


Então... Moça linda dos cabelos de fel,
Onde há céu que caiba teu corpo desnudo...?
Esse pano cítrico arregaça o cínico,
Que tenta fingir
Te olhar e não te ver...
Talvez seja a tal atitude,
Essa coisa abstrata , e que quase sempre ilude,
Quem teime ( ou ouse) se afastar de você...
Sabe , poder eu até pude.
Mas preferi tentar entender.


Entender...de onde existem tantas lembranças,
Se, nestas andanças,
Não nos lambuzamos da nossa saliva!
Se foi encantamento, que não morra, então,
Essa coisa viva
Que escorre entre a pele, e o que dela revele.
Pois as marcas que levamos de tudo aquilo,
Não se mede em metros, segundos ou quilo...
Foi saga, foi poesia, que a cada um arrepia,
Quando longe, tudo parece tão perto.


É o errado, moça.
Travestido de certo.


*Estava procurando uma imagem pra usar com o poema do Edu e esbarrei com essa tela  de Julie Heffernan. Gostei das telas da moça e acho que o edu não se importa com minha escolha de imagens...então:
 - Self Portrait as Wunder Kabinet 2003, oil on canvas, 82 x 58 inches




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