13 de fev. de 2024

Medusa, Prometeu, totens e espelhos




















hoje pensei tanto nessa coisa doida
pensei no teu sorriso
sorri da tua voz


cansei de te ver
mas gostei de te sorrir
da nesga da janela
donde despenca esse céu

eu te chamo

doidivana mente

tempestuoso vento trás teu nome
e vens arrastado e sereno
contar dos nadas abissais

braços remotos falam de totens colossais
cabeças de Górgonas caem dos bolsos
recolho cacos no colo
acaricio teus cabelos


sorrimos e eu

desentendo


deslizo dedos tortos
pelo reverso desses medos

quietos e caros

roubei a égide de uma deusa
 tão doida quanto eu
numa tarde quieta de abril
para congelar sorrisos
prometeu empedrar paixões e terrores


Odisseu, Aquiles, Penélope, Zeus, todos prometeram

Afrodite te escondeu sob um manto fino


oblíquo tu desvias dessa defesa incerta,
ri das serpentes que invento,
abraça-me os joelhos
através dos espelhos em que me guardas
deslinda venenos
destrava portas

ilumina desencantos febris

Poema de Rosa Cardoso

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