ando na linha
cortando paradoxos
perto dos abismos
corro atrás
d’um sismo
d’um vento torto
d’um sopro na nuca
d’uma mágica
encanto de outro mundo
p’ra abrir as asas
içar velas
pular noites e dias
virar ocasos em alvorada
acalmar tempestades
escuta?
grilos
pirilampos
borboletas
gentes
falam das cismas
caixas e encaixes
prenso a respiração na entrelinha
esforço p’ra soprar neblina
Não fiz nada e hoje já é ontem!
sem querer,
quase noite
nuvens magenta
arrastam- se
olhos insones
corri desastrada
tropecei no vestido
rendado de promessas
queria voar ou nadar
era tão tarde ou tão cedo
o salto quântico ninguém viu
a terra seguiu girando
naquele ocaso por acaso
era quase noite
nuvens magenta
tantas!
Imensas!
atrás do tempo,
tempo que vinha
dias a fio enfastiados
desta tarde inteira
acaso sem fim
a lua escorrega
chegou quando dormia
e desaba na noite que caía
dentro dos espelhos
avessa e cansada
dos futuros que entrevia
visagens inúteis
numa tarde qualquer
cacos de riso pelos cantos
rasgando a pele diáfana
e a luz respinga por aí
pinta retalhos rendados
na pele nua do tempo,
tempo que vinha
tempo que foi sem ter sido
fechamos os olhos
driblamos a escuridão
dentro dos espelhos
visagens inúteis
numa tarde qualquer
que o breu comia
Poema de Rosa Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário