3 de jul. de 2011

Bibelô trincado


Você não me vê
Parada na tua estante
Bibelô trincado
Vestida de delírio

Você não me vê
Sou um rabisco esquisito
Aquele borrão carmim
Eu sei

Fantasiada de beijo
Pareço cansada assim
Travestida em afago

Você não me vê
Mesmo que atravesse paredes
Apenas para esse arpejo
Eu sei

Vez por outra morro
Desisto
Desencarno

Noutras renasço
Na primeira nota da ária
Capitulina desse romance insano
Apareço na tua porta
Princesa nua, bruxa distraída
Deusa e dragão

Fico na ponta da língua
Da tua e da minha
Beirando abismos
Viro palavra não dita
Quase nascida
Verso esquecido
Deixo o passado
E fico por ser

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