29 de dez. de 2009

CLARO BREU



-----------------------------Claro Breu de Eduardo Perrone --------------------------



A cegueira cortou-me a língua
E vivi a mingua
Desde então.
Fui submetido a um ritual pagão,
E estive na tua mão
Como moeda de troca.
Foi uma época de troça,
Algo como uma luz esvaindo-se,
Como o que reluz
Já despedindo-se,
Indo para o leito da terra.


Sou o que esconde
E que te revela,
Quer na amplitude do beijo,
Quer no obscuro da alma,
Sou aquele que te pedia calma
Enquanto o seu lobo não vinha,
Fui tua porção vizinha
E cada erro cometido,
Fui teu pai, irmão e marido
Mesmo sem nunca ter sido.
Fui o cão danado,
Que, mesmo desdentado,
Mordeu preces
Preces, preces
E mais preces...
Como quem escolheu o que esquece
Quando -súbito-
A luz é apagada.

2 comentários:

  1. Gostei do poema que escolheste.
    Obrigado pela partilha.
    Querida amiga, ando com imensa falta de tempo. Mas, ainda que um pouco tarde, não poderia deixar de passar por aqui para te desejar um excelente 2010.
    Beijos.

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  2. O tempo anda raro para todos, não se preocupe. Tarde ou não, obrigada pelo carinho.

    O poema é de um amigo querido.

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