10 de fev. de 2024

não tem nome






o céu dispara seus dardos
setas azuis lancinantes
fiapos de sombra rastejam medos

cismo anjos
livros sedados
fogueiras e selos
sexo e mentiras

tudo cai

enredadas pelos cantos as meadas desfiam
longos rosários de verdades entrecortadas
os anjos segredam revelações
em meus olhos moucos

queria que contassem dos desenhos
das tramas traçadas
dos ardis pintados na areia

mas eles sussurram sem parar
cegando teus encantos

queria que ouvissem
essas notas dissonantes e embaraçadas
sopradas no avesso da trama

distraída pela algaravia de cores
despedaço teu olhar surdo
espargindo cacos
vitríolos em que refulgem incêndios

Rosa Cardoso




2 comentários:

  1. Magnífico poema, querida amiga.
    Fico encantado com as tuas palavras, sempre que te leio.
    Bom fim de semana. Beijos.

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